domingo, 13 de maio de 2012

                                 O que você faria?    
                                                                                                           12/05/2012
 O dia estava lindo e ela saiu para pensar um pouco, pois sua vida estava um pouco conturbada. Foi ao parque. Chegando lá sentou-se no chão, em cima de uma toalha levemente rosa que havia levado. As crianças corriam e brincavam, o sol brilhava muito e a grama parecia ter sido colorida com o mais belo verde que existe. Ela sozinha, pensava em sua vida e em algumas questões que sempre lhe acompanhavam. Pensava em como as coisas aconteciam e em como deixavam de acontecer. Seu pensamento ia longe. Via o casal de namorados sentados em um banco e eram tão felizes, eram quase que um quadro a ser pintado. Sentiu uma ponta de inveja, mas nunca fez nada para que sua situação mudasse, sempre amou, mas era tímida demais para se declarar e acho que também tinha medo de ser amada por alguém. Esta era uma das questões que volta e meia lhe atormentavam a mente, mas não era um motivo para suicidar-se.
   Estava lá sentada e pensando a mais de uma hora quando eis que de repente um pássaro pousa a mais ou menos três metros de onde ela estava. Era uma das mais belas criaturas que ela já havia visto no mundo e, sem sombra de dúvida, era o mais belo pássaro que a natureza já havia concebido. Aquela ave tinha uns trinta centímetros de altura, porte elegante e nela havia todas as cores já vistas, todas mescladas de um jeito indescritível. No início ela ficou se perguntando se realmente estava o vendo ou se estava tendo mais um de seus devaneios. Qualquer um não acreditaria, pois aquela criatura mais parecia um anjo do que um pássaro. Era belo. Ela quis se aproximar, mas não para pegá-lo ou para trancá-lo em uma gaiola, mas sim para apenas tocá-lo, pois, estranhamente, queria que aquele pássaro que passeava por ali soubesse que um dia ela o admirou. Ela queria tocá-lo para que ele soubesse de sua existência, apenas isso. Era algo estranho, mas ela não pensava assim. Pensava que era preciso ao menos tentar chegar mais perto daquele pássaro.
   Após ficar olhando-o por uns três minutos, tentou chegar mais perto. Aqueles três metros de distância agora eram dois e o pássaro lá quieto como se nada tivesse percebido. Agora eram dois metros que ela aos poucos tentava transformar em um e finalmente em alguns centímetros. Sua segunda tentativa foi um pouco diferente, aproximou-se, mas o pássaro ao perceber recuou alguns centímetros o que para ela era como se fossem metros. Duas tentativas e ele sempre recuando, a essa altura já havia esquecido sua toalha estendida no chão. Ela sabia que devia se apressar, pois a qualquer momento ele poderia se cansar daquele lugar e voar para outro muito distante, afinal era um pássaro, era livre e voava para onde queria. Ela tentou mais uma vez e por mais uma vez ele recuou. Então ela pensou bem antes de tentar a próxima.
   Já havia se arrastado na grama por dois metros, mas não desistia. Antes de tentar de novo ficou olhando aquela ser e pensando como seria se ela fosse um pássaro, mas foi um simples devaneio que logo se desfez. Ficou indecisa em prosseguir, pois estava em dúvida. Se continuasse poderia até tocá-lo e ele saberia que ela um dia o admirou, mas logo iria embora, e ela voltaria à nostalgia que sentira antes daquele ser aparecer e talvez fosse uma nostalgia mais forte ainda por saber que teve em mãos um ser tão belo e o deixou escapar; ou poderia ficar ali parada sem fazer nada, apenas admirando-o, deixando que ele ficasse mais um pouco e esperando que ele de repente voasse para bem longe, mas provavelmente ela ficaria triste por saber que poderia ter tentado e conseguido, mas não o fez. Era esta uma questão difícil, ou tentava alcançá-lo e talvez conseguisse ou o deixava ficar ali por mais um tempo até que ele fosse embora, e ela então voltaria para casa desolada por não ter tentado. De qualquer maneira o pássaro iria embora, mas o que fazer? Arriscar algo com chances de não dar certo ou não tentar e ficar se culpando por isso? 

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